L'état Del L'amour

Eram quatro da tarde e ele não entendia porque o café mais famoso da cidade estava vazio. O rapaz só conseguira entrar ali uma vez, durante uma manhã chuvosa de novembro, em 2014. Agora era julho de 2015, época em que o dono desse café provavelmente tinha toda a vida garantida. Aquela chance que o destino estava lhe dando em entrar naquele lugar super agradável, com uma estante pertencente a uma enorme variedade de livros o constrangia. Como estava frio, resolveu entrar e ver se finalmente encontrava Coração de Tinta, um dos livros mais desejados no mundo, e apreciar um cappuccino de chocolate.
Fábio também queria descobrir por quê a cafeteria era tão comentada por se chamar “L’état Del L’amour”, O estado do amor em francês. Tanto que foi a primeira coisa que fez ao entrar:
- O famoso cappuccino, por favor. Tamanho médio.
- Algo mais?
- Não. Quer dizer, sim. Porque o lugar tem esse nome?
- Ainda não lhe parece mágico, não é, meu jovem? - disse o dono do estabelecimento, que pareceu ouvir a pergunta que Fábio fez à mulher do caixa – Isso só você irá descobrir, e sozinho, em algum momento da sua vida. Já percebeu que aqui é mais freqüentado por casais? Hoje está vazio, não sei o que o destino está preparando. Bem, são R$ 4,50. Só isso?
- Hum... Ok, obrigado.
Fábio, sem entender, direcionou o olhar para a sua mesa favorita, perto  da estante. Droga, uma garota já estava ocupando o lugar. Espere, pensou o moço, ela está lendo Coração de Tinta! Preciso ir até lá. A cumprimentou, sentou-se ao lado dela, cuja se chamava Valentina e ficaram conversando sobre o livro. Veja só, pararam na mesma página. A moça disse que também não entendia o porquê de um café se chamar L’état Del L’amour. Interessante, pensou Fábio. Começou a sentir os batimentos cardíacos mais rápidos. De repente reparou nos olhos da moça. Nunca vira uma pessoa tão bela na vida. Estava absolutamente encantado. E Valentina começava a sentir o mesmo. Sim, estavam apaixonados. O clima daquele café agora era absolutamente mágico. Alguns anos depois, Fábio e Valentina estavam casados. Agora, eles freqüentavam o café diariamente e iriam fazer o mesmo com seus futuros filhos. Eles finalmente tinham sentido, entendido e vivido o que era, de fato, o estado do amor.


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