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Mostrando postagens de outubro, 2014

Sonhar em voz alta

Ela era a moça mais bonita da cidade. Tinha os cabelos esvoaçantes e não era muito de sorrir. Na verdade, era também a mulher mais marrenta que alguém podia conhecer, sabe? Ninguém sabia se ela sentia felicidade, pois ela conquistou muitas coisas na vida. Tinha um belo salário, se divertia quando queria, visitava a família. Essas coisas que todos comentavam e que qualquer um descobre fácil. Mas ninguém nunca a vira soltar uma risada na rua ou em qualquer outro lugar, a não ser que ela só fizesse essa proeza em privacidade. Alguns diziam que ela era muito fechada, sabe, meu senhor? Eu acho que aconteceu alguma fatalidade na vida dela para ela ser assim. É tão jovem, só tem vinte e um anos, coberta de couro e ouro. Eu a conheci em mais um típico esbarrão que o destino gera, e ela não parecia estar muito bem. Ajudei-a recolher suas coisas que tinham caído no chão, e me surpreendi: eram livros, acho que sete. Dois eram de romance. Quatro, falavam sobre viver. Um, o último que eu peguei, e

Inesquecível

A vida é surpreendente. Não sou nada. Me considero um nada. Vivo em um mar de problemas pensáveis. E quando eu menos espero, largo tudo. Passo-me despercebida; sou então tudo, quero tudo, conquisto: quase tudo. Me iludo com o imaginário me perdendo no real. O imaginário é eternizável. O cruel real e o errado real também são. Estou falando de mente, percebe, criatura? De lembranças. Os bons são esquecidos facilmente, por isso devem ser eternizados. Não só no coração, mas em imagens, textos, palavras. Espere. Palavras se perdem no ar. Até então, só o vento as terá ouvido. Já parou para pensar  se o vento também é surdo? Porque um dia, na memória, tudo se apagará definitivamente. Nunca se existirão curas para Alzheimer, por exemplo.  Tudo pode e será algo ilembrável. É preciso de peças, provas, algo querido. E se o coração, no final, apenas servir para bombear o sangue e fazer o processo de oxigênio? Porém, as coisas mais extraordinárias serão feitas com tinta, ou então sangue, perma

Garota para a vida

Um poeminha simples, misturando passado e futuro com presente... Fiz de mim conquistas. Algumas eu perdi de vista Já ganhei um mar de tristezas E tudo foi pago à vista. Tenho uma promessa De ter poucos sucessos Sendo resultados de sonhos, Minha vida estará confessa. Sofri, rezei, pelei. Me desesperei. Para ser alguém na vida E ter uma alma muito pouco perdida. Poucas noites foram em vão Disso eu tenho razão Essa adolescente queria um mar Procedido de um ousado não A fantasia (ou seria alegria?) de voar. A vida não é podre. Ela entendia horrores Gostava de certos “senhores” Que  inspiravam-na a não fracassar, Mas sim acreditar Que de si mesmo, tudo pode se esperar... Chorei um mar de rosas Quando consegui conquistar Tudo aquilo que um dia ela, que também era eu, Acreditou (e também ousou) sonhar. Ela foi crescendo. Cresceu também em descobertas Deu mais sorrisos que lágrimas, talvez. Ficou muito conhecida Não s