PERIGO
Disse uma vez ao Amor
"Não me procure nunca mais"
E assim por um tempo obedecera
a razão do meu dissabor
Banido estava por razões sentimentais
O infortúnio é que Amor jamais me esquecera
Sente saudades, está sempre à espreita
Envia-me souvenirs recheados de suspeita
Doces lembretes de que está voltando
Trapilíssima, sigo caminhando
É que fujo dele e também de mim
de suas promessas vazias e do meu desejo sem fim
um dia tudo sempre se acaba
restando eu, o coração e o nada
Não sei que diabos Amor quer comigo
É inegável que ele é irresistível
Mas com ele, clareza e certeza é impossível
E a ausência dessas, um eterno castigo
Sei que disse "não lhe quero nunca mais"
está sinalizado como possível perigo
Mas confesso, admito:
viver sem ele também é algo que não se faz.
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