PERIGO

O Rapto de Proserpina, Bernini
O rapto de Proserpina, de Bernini

~


 Disse uma vez ao Amor

"Não me procure nunca mais"

 E assim por um tempo obedecera 

 a razão do meu dissabor

 Banido estava por razões sentimentais


O infortúnio é que Amor jamais me esquecera

Sente saudades, está sempre à espreita

Envia-me souvenirs recheados de suspeita

Doces lembretes de que está voltando

Trapilíssima, sigo caminhando


É que fujo dele e também de mim

de suas promessas vazias e do meu desejo sem fim

um dia tudo sempre se acaba

restando eu, o coração e o nada


Não sei que diabos Amor quer comigo

É inegável que ele é irresistível

Mas com ele, clareza e certeza é impossível

E a ausência dessas, um eterno castigo


Sei que disse "não lhe quero nunca mais"

está sinalizado como possível perigo

Mas confesso, admito: 

viver sem ele também é algo que não se faz.

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