Crônica - Sereia



Sempre que ela entrava na água, era uma alegria. Ela não sentia que estava molhada; tampouco que estava dentro da água. Parecia que estava em terra, na verdade. Era deliciosa a sensação de flutuar e mergulhar. Não importava se era piscina, lago ou mar. O que importava pra ela era a água. Por causa dessa tamanha paixão pelo mar, seus amigos a chamavam de Sereia. E ela adorava este apelido, inclusive, durante seus mergulhos, criava diversas fantasias. Sereia podia ser quem quiser , desde Iemanjá até Ariel. E sua beleza era como destas: de olhos castanhos, cabelos ruivos e ondulados. Morena. Alguns tinham inveja, outros apenas a acompanhavam até os seus "mares" para  observá-la. Dia desses, criou amizade com uma garota que ela só via pela metade do corpo ( talvez realmente fosse uma sereia.). Todos as noites, Sereia visitava essa amiga, que não era nada bonita, . A amizade das duas era linda, até que um dia foi convidada para ir ao fundo do lago em que se banhavam. Confiante, Sereia foi. Mas na verdade, aquela menina que dizia ser sua amiga era meio que uma bruxa dos lagos. Uma Úrsula. E assim que Sereia parou de contemplar a beleza lá do fundo, resolveu subir para retomar oxigênio, mas a Úrsula não deixava. Ela se debatia sem parar, enquanto a falsa amiga a apertava cada vez mais com seus braços. Sereia percebeu que tudo ao seu redor estava escurecendo. Porque a sua melhor amiga estava fazendo isso? Era a inveja. A inveja de existir uma pessoa terrestre e mais bonita. Úrsula resolveu matá-la para ter toda a beleza para si. 
No dia seguinte, encontraram uma menina de cachos ruivos, desmaiada na beira da praia. Estava com metade do corpo em forma de peixe. Ela realmente tinha realizado seu sonho. Virou uma sereia, mas estava com apenas alguns segundos de vida. Ao seu lado, apareceu uma mulher de cabelos lisos e negros, a qual observava Sereia com um sorriso no canto do rosto. 

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