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PERIGO

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O rapto de Proserpina, de Bernini ~  Disse uma vez ao Amor "Não me procure nunca mais"  E assim por um tempo obedecera   a razão do meu dissabor  Banido estava por razões sentimentais O infortúnio é que Amor jamais me esquecera Sente saudades, está sempre à espreita Envia-me souvenirs recheados de suspeita Doces lembretes de que está voltando Trapilíssima, sigo caminhando É que fujo dele e também de mim de suas promessas vazias e do meu desejo sem fim um dia tudo sempre se acaba restando eu, o coração e o nada Não sei que diabos Amor quer comigo É inegável que ele é irresistível Mas com ele, clareza e certeza é impossível E a ausência dessas, um eterno castigo Sei que disse "não lhe quero nunca mais" está sinalizado como possível perigo Mas confesso, admito:  viver sem ele também é algo que não se faz.

PRINCESA, parte um

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Auguste Toulmouche  (French, 1829-1890),  The Hesitant Fiancée , 1866. Oil on canvas. Prisioneira do meu próprio castelo, nascida e criada para viver sozinha, proibida de viver qualquer gesto singelo Condenada à desconfiança eterna,  ninguém pode atravessar os portões desta prisão. Sou indigna de ter uma paixão, quebraram as minhas pernas. Sou uma flor proibida, nunca cheirada, nunca sentida,  sob esta gaiola de ferro, apenas vista. Aqui, esta princesa sequer se arrisca.  Não tenho tranças para jogar,  nem asas para voar, ou um tapete voador Felicidade? Só sente dor... Essa princesa, aqui, não tem vida apenas existe por si só, observando chegadas e partidas,  planejando evitar voltar ao pó No castelo, mesmo presa inúmeros erros comete a princesa e ela se frustra, e ela é punida,  e nenhuma confiança a ela é cedida. A princesa sabe que não existe príncipe nem ogro, nem sapo, nem rei que possam salvá-la nos termos da lei Cai o pano. É jogada a toalh...