Mudanças

Após quatro longos (mas ao mesmo tempo rápidos) meses, volto a escrever. 
Voltei a escrever para mim e por mim hoje, por uma necessidade profunda que senti nesta noite, neste momento, neste dia. 

Hoje uma pitada de desespero ou temor bateu à minha porta, enquanto eu tentava resolver exercícios de minha matéria preferida, química. Porém, não permiti que o desespero entrasse. Por mais que minha cabeça mandasse eu lamuriar ou continuar tentando compreender o problema que eu já sabia que exigia uma regra de três, parei os meus estudos e comecei a pensar no quê eu iria escrever aqui, afinal, minha saúde mental é tão importante quanto minhas notas.

Creio que esse texto meu irá se desenrolar acerca de vários assuntos, porém englobando uma coisa só: meu primeiro ano no Ensino Médio. 

Minha vida no Ensino Fundamental não foi grande coisa e sequer gosto de lembrá-la, diga-se de passagem. Exceto por minhas notas, nunca consegui muito sucesso me socializando com os colegas de minha idade, pois eu sentia profundamente (só não compreendia ainda, porém sentia) o quanto me odiavam - ou qualquer outra coisa do gênero - , já que ninguém nunca procurou profundamente manter uma amizade comigo. Talvez fosse imaturidade, de ambas as partes (eu e outros estudantes) para estabelecer um diálogo com a única pessoa cem por cento deslocada na escola. Sou muito grata a meus professores antigos por continuarem sendo meus amigos (eu adoro vocês). Somente no meu último ano no Fundamental II que consegui ser amiga de umas poucas pessoas, as quais eu procuro estabelecer contato, afinal, comecei meu primeiro ano no Ensino Médio em uma escola nova - e é aí que as coisas começam a acontecer de verdade para mim.

Eu amo a minha turma (1ª série Bn, sempre fazendo bagunça, mas cheia de atitude e de sonhos), por mais que ninguém saiba disso ainda, e amo o meu ambiente de estudo e aprendizado. Nesta nova escola (que obviamente não é necessário dizer qual é), eu vejo frequentemente a prática do respeito, a valorização pelo estudo, a seriedade, o apoio ao aluno, a procura por diálogo, a ausência de fofocas, enfim, um turbilhão de atitudes que eu jamais acreditaria existirem entre GENTE DA MINHA IDADE. Gente com o mesmo nível de maturidade que eu. Gente que tem os mesmos objetivos que eu - ou quase - e está aberta para criar novas relações, se o acaso e tempo permitirem.

Fiquei tão impressionada, que me julguei muito nos meus primeiros dias nesse novo ambiente, afinal, eu estive em outro lugar que era totalmente o contrário, e pela forma como me trataram nos últimos anos, acreditei que não me daria bem num lugar com estudantes de alta performance. Até que recebi meu boletim do primeiro período: com muito esforço, fiquei em quinto lugar entre 208 alunos, uma conquista estupenda para mim. Agora, estamos no quarto período, quase no final do ano - e neste final virá meu primeiro vestibular (Deus abençoe a América do Norte, onde a única preocupação no geral é apenas passar de ano e ser aceito em uma universidade por ter bom desenvolvimento estudantil). 

Hoje, após assistir um pouco do jogo de interclasse realizado pela escola e notar a empolgação de minha turma por ganhar medalha de ouro em handebol, percebi o quanto minha vida mudou apenas porque eu mudei de colégio (agradeço profundamente a meus pais por isso):
* Sou uma aluna de alta performance, 
* Tenho meu próprio grupo de amigos, todos estudiosos como eu
* Considero os alunos da minha turma meus amigos, e não meus inimigos

Continuo com os mesmos defeitos: ainda não consigo acreditar em minha capacidade, por mais que meu esforço, notas e disciplina mostrem o contrário e ainda tenho dificuldades para começar uma conversa, mas isso é algo que até o fim do ano irá sumir, entre várias outras delicadezas.

Sim, eu continuo sendo muito crítica, porém guardo para mim mesma. Sim, eu tenho uma insegurança dentro da minha segurança, mas eu tenho o dobro do apoio que eu tive no passado. Sim, eu ainda tenho vários amores platônicos, alguns mais reais (posso chamá-los de aristotélicos?). 

Feitas todas essas observações, sinto-me mais aliviada, mas também sinto algo que ainda deve ser gritado em palavras. Provavelmente, é a pressão dentro de mim por eu estar escrevendo às 23:49 da noite, em uma terça-feira, quando eu deveria estar estudando para garantir minhas notas boas. Mas disso eu nunca deixarei de correr atrás. É como diz um querido amigo meu: faz parte.

Obrigada a você, leitor, por sua paciência para ler mais um de meus textos de observação cotidiana, após tanto tempo. Sou grata pela sua compreensão e, por favor, não deixe de torcer por mim. 
Um grande abraço!

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